fevereiro 25, 2003

The Lurker e o carnaval (ou para mergulhador velho, regulador novo)

Inicialmente cabem desculpas pela infreqüência das visitas do editor deste, em especial ao Monossílabo Si que se queixa da ausência de novidades: excusez mademoseille.

Este último período de trabalho tem sido extenuante. Recompensador, divertido e todas as coisas boas que o trabalho às vezes apresenta, mas extenuante mesmo assim. De qualquer sorte, o próprio nome já indica que este blog não pretende ter atualização freqüente e, de mais a mais, o papo por aqui andava muito sério. Chega de conversas e vamos ao que interessa.

Mergulhar: verbo transitivo direto referente à imersão de um corpo sólido em um líquido de menor densidade específica. Conjuga-se no presente do indicativo, primeira pessoa do singular: Eu mergulho. E o faço desde meus tenros 10 anos ou algo assim. Naturalmente é uma paixão estranha para um sujeito que nasceu e se criou no planalto central brasileiro, conhecido por sua seca subsaariana e mais ainda quando a praia mais próxima está a mais ou menos 1.200 Km de distância. Enfim, não há que se discutir sobre isso, mas sim que há duas semanas atrás concluí meu quarto curso de mergulho "básico".

Não, eu não sou retardado e não precisei fazer a mesma coisa quatro vezes para ver se pegava o jeito. Os dois primeiros cursos, realizados nas idades de 14 e 17 anos não habilitavam internacionalmente e o terceiro foi feito somente para acompanhar minha, então, noiva no processo e, por motivos que não cabem aqui, não foi concluído. Fez-se necessária nova habilitação, portanto.

Dentre os aspectos divertidos de fazer o básico pela 4ª vez está que a nomenclatura à qual fui acostumado e onde executei os primeiros estudos era um tanto diferente do que se pratica hoje. Por exemplo, nadadeira era “pé de pato”, máscara era “óculos de mergulho” e cilindro era “garrafa”. É preciso que se ressalte a mudança de materiais, formatos e particularidades das épocas também. Por exemplo, quando comecei, colete equilibrador (BC) era um negócio caríssimo, que ninguém tinha e que não vinha integrado ao “back pack” – uma espécie de cela de fibra de vidro para colocar o cilindro nas costas. Hoje em dia é equipamento de segurança obrigatório. Aliás, “na minha época”, cilindro era de aço e os de alumínio que se usam hoje eram mais novidade do que qualquer outra coisa (custavam uma fortuna). Hoje em dia é o contrário: tem-se que gramar um bocado para achar um de aço.

Nota técnica: Recentemente descobri que a Cobra Sub mantém ainda hoje grande parte dos equipamentos com características muito semelhantes às de 10 anos atrás (máscara era Super Puma e nadadeira Spinta – e dê-se por satisfeito). Em resumo, nem tudo evolui no mundo subaquático. :-)

De qualquer forma, o caso é que dia 28 às 13:30 embarca-se para Parati para uma série de, nada menos que, 11 mergulhos, todos embarcados, bonitinhos, com direito a ônibus semi-leito com filminho e outras coisas divertidas. A hospedagem deve ficar por conta da Pousada Porto Paraty (rebatizada como Porto Imperial mas eu preferia o nome antigo). Sinceramente, depois de duas semanas de estágio no inferno, botando a primeira fase da avaliação do programa para funcionar, tudo de que se precisa são quatro dias soltando borbulhas a 12 metros. Sim, porque isso deve dar mais ou menos 14 horas efetivas debaixo d´água e se não curar o início de stress, nada vai dar jeito.

Em breve terei a grata satisfação de relatar aos (3?) estimados leitores(as) as aventuras de The Lurker under the sea.

(este mergulho foi trazido até você num oferecimento da Divers University)

The Lurker says: "Thaaare she blows!" (hmmm.... era isso mesmo, capitão Ahab?)